Os trotes telefônicos nos serviços de emergência são mais comuns do que parece. Para se ter uma ideia da quantidade de chamadas falsas recebidas na região de Presidente Prudente, a reportagem apresenta números referentes ao primeiro semestre deste ano. Conforme o I-8 (Comando de Policiamento do Interior), de 296.963 telefonemas, 24.578 foram trotes; 8,27% do total de ligações. Já o 14º Grupamento de Bombeiros, em Presidente Prudente registrou 3.252 trotes, o que representa 18,02% de um total de 18.039 chamadas.
Em ambas as corporações, a maioria das ligações falsas é realizada por adultos, mas também há casos em que crianças acionam tanto o 190 quanto o 193. De acordo com o capitão PM Jefferson Paulo Romão, chefe do Copom (Centro de Operações da Polícia Militar), há pessoas que ligam somente para proferir xingamentos aos militares, e outras fazem a falsa comunicação de crime. Existem também aquelas que procuram a PM para falar sobre assuntos não pertinentes ao serviço, ou seja, que não demanda providências da polícia.
“Sempre quando o atendimento 190 está atendendo um trote, ele pode deixar de atender uma outra ocorrência realmente de emergência, e traz um prejuízo para quem está precisando de apoio policial. Além disso, muitas vezes, quando não é possível identificar que se trata de um trote, é cadastrada a ocorrência e uma viatura despachada para o local, o que gera gastos para erário público”, expõe Romão. Nas ocorrências de trotes no Corpo de Bombeiros, 187 delas foram cadastradas e geraram deslocamento de viaturas, pois não foi possível detectar que se tratava ou não de uma ligação falsa.
Conforme o 1º-tenente PM 1° tenente-PM Marcos Antonio Machado Junior, trotes “mais elaborados” também causam prejuízo financeiro ao Estado, considerando que a cada saída de emergência as viaturas se põem em risco diante do trânsito tentando chegar no menor tempo possível, além dos custos com combustível e manutenção. “Porém, o principal prejuízo é aquele que, enquanto as viaturas estão ocupadas atendendo a um trote, uma ocorrência real pode estar sendo gerada e estas viaturas eram justamente a melhor e mais rápida opção de atendimento e até, em alguns casos, a única opção”, lamenta.
Roberto Kawasaki - Capitão Romão fala sobre prejuízo ao erário público
Tanto na Polícia Militar quanto no Corpo de Bombeiros, quando é possível detectar o número do telefone de onde partiu a ligação, dependendo do caso e das consequências geradas, é possível registrar um boletim de ocorrência para que medidas istrativas e/ou penais sejam adotadas.
“Os supervisores de atendimento fazem uma documentação interna informando o número de telefone que tem ligado, a quantidade de vezes e o assunto. As informações são encaminhadas para a Polícia Civil para que seja instaurado inquérito para identificar quem é o proprietário desse número”, explica o capitão Romão.
Quem realiza o trote para o serviço de emergências pode responder pelo crime dos artigos 266 (perturbação do serviço telefônico) e 340 (falsa comunicação de crime) do Código Penal, além de estar sujeito à multa prevista na Lei Estadual 14.738/2012.
“Fica o apelo de conscientização à população para que não realize trotes nos serviços de emergências 190, 192 e 193, pois estes números são destinados a atender chamados reais, por vezes envolvendo situações de vida ou morte, onde o tempo é valiosíssimo”, salienta o tenente Machado, do Corpo de Bombeiros. “Sabemos que na nossa atividade cada segundo conta para atender quem precisa”.
Roberto Kawasaki - Adultos lideram trotes telefônicos ao serviço de emergência
Ligações ao Corpo de Bombeiros - 1º semetre/2021 | |||
Trote adulto | Trote criança | Sem qualificação | Total |
2.428 | 637 | 187 | 3.065 |
Fonte: Corpo de Bombeiros | |||
Ligações à Polícia Militar - 1º semestre/2021 | |||
Trote adulto | Trote criança | Total | |
18.341 | 6.237 | 24.578 | |
Fonte: Polícia Militar |
Roberto Kawasaki - Nos Bombeiros, 187 trotes geraram deslocamento de viaturas
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