Sociedade Paulista de Infectologia defende abertura “gradual e lenta” 464017

Situação se dá face aos riscos representados pela variante Delta do novo coronavírus, que é duas vezes mais transmissível; reportagem conversou infectologistas, que comentaram sobre a decisão do Estado 733y62

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Data 19/08/2021
Horário 04:31
Foto: José Fernando Ogura
Sociedade Paulista de Infectologia considera os riscos representados pela variante Delta 
Sociedade Paulista de Infectologia considera os riscos representados pela variante Delta 

Nesta terça-feira, data em que as medidas de restrição de horário e público chegaram ao fim no Estado de São Paulo, a Sociedade Paulista de Infectologia emitiu uma nota em que considera que a abertura deveria ser mais gradual e lenta, face aos riscos representados pela variante Delta do novo coronavírus. A fim de repercutir a situação no oeste paulista, a reportagem conversou com dois infectologistas, que comentaram sobre a decisão do Estado. 
A Sociedade Paulista de Infectologia considera que a variante Delta é duas vezes mais transmissível, e que uma pessoa infectada expele até mil vezes mais vírus que aquela com Covid-19 causada por outra linhagem do vírus. No Estado de São Paulo, segundo o órgão, após esforços governamentais conseguiu-se imunizar a população adulta com a primeira dose, porém, esta se mostra insuficiente para proteção contra a variante identificada pela primeira vez na Índia. “Na verdade, mesmo a vacinação completa oferece proteção um pouco menor contra essa variante, quando comparada às demais cepas do vírus”.
O médico infectologista André Luiz Pirajá da Silva destaca que a região tem um número de casos e óbitos relativamente baixos, além de contar uma população bem vacinada, porém, apenas com a primeira dose. No entanto, reforça que, mesmo que o oeste paulista já tenha imunizado acima de 60%, não dá o direito das pessoas esquecerem o isolamento social, o uso de máscara e tão pouco fazer aglomerações. 
Ao ser questionado se a flexibilização total das atividades econômicas é precipitada, o médico responde que, sim, e reforça a crítica feita pela Sociedade Paulista de Infectologia ao governo do Estado. Isso porque considera que a dissolução do gabinete de contingência da Covid-19 ocorreu muito cedo, uma vez que a variante Delta está presente e é altamente transmissível. 
Pirajá acrescenta que a população mais jovem não está imunizada. “A população jovem, por não estar imunizada e por ser a que mais circula, é capaz de pegar o vírus, às vezes de forma assintomática, e, consequentemente, ter contato com os mais idosos, que são os mais vulneráveis. Então, a gente pode começar a ver o número de casos aumentando, principalmente nessa população que já foi imunizada”. 
O infectologista também afirma que o governo deveria esperar mais um pouco, considerando que muitas pessoas ainda estão tomando a primeira dose da vacina contra a Covid-19 e outras só vão receber a segunda no final do ano. Reforça também que estudos têm mostrado que as vacinas são eficazes contra Covid-19 e, que, inclusive, um estudo recente acerca da Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório Chinês Sinovac, mostrou que ela também é eficaz contra a variante Delta. No entanto, que ainda existe a necessidade de que seja feita a segunda dose.
Outro ponto destacado pelo médico infectologista é quanto ao adiantamento de doses da Pfizer ou AstraZeneca com a finalidade de melhorar ou acabar logo a imunização. “A Sociedade Brasileira de Imunologia também recomenda que não seja feita o adiantamento da segunda dose, uma vez que a resposta imunológica mais robusta, mais eficaz se dá quando é feita com um prazo de 12 semanas de intervalo. Então, isso também nos preocupa, embora seja um dado de política social que deve ser levado em consideração”.   

“Sensação de liberdade" 2h202d

O médico infectologista e doutor em imunologia, Luiz Euribel Prestes Carneiro, por sua vez, destaca que com a vacinação de uma parte significativa da população e com o plano de flexibilização, há uma sensação de que a pandemia acabou e que agora tudo pode e tudo é permitido. No entanto, não se trata de uma realidade do dia a dia, pois pacientes infectados com a Covid-19 continuam chegando diariamente aos consultórios, aos centros de triagem e aos hospitais.  
Euribel também reforça que é importante lembrar que grande parte dos indivíduos só tomou a primeira dose da vacina, o que confere uma proteção de apenas cerca de 50% contra uma nova infecção. E o que é mais relevante, pacientes vacinados continuam replicando o vírus e espalhando na comunidade. “Nosso grande trunfo em relação à vacina é que quase todos esperam ansiosamente pela imunização e estão sendo vacinados – fenômeno que não acontece nos chamados países ‘ricos’ como Alemanha, França e Estados Unidos, onde cerca de 30% das pessoas não querem ser vacinadas”, detalha. “Vivemos um paradoxo: nos países em desenvolvimento as pessoas querem ser vacinadas, mas não há vacinas; nos países ricos os indivíduos podem escolher o tipo de vacina e não querem ser vacinados”, acrescenta.   
Quanto ao anúncio da flexibilização total das atividades econômicas, o doutor em imunologia detalha que a grande dúvida é se o Brasil terá uma repetição do que está acontecendo em países como Estados Unidos e Austrália com o avanço da variante indiana Delta, uma vez que ela é duas vezes mais transmissível, e uma pessoa infectada expele até mil vezes mais vírus que aquela com Covid-19 causada pelo original. Tal variante, inclusive, infecta especialmente os indivíduos não vacinados e os vírus continuam circulando na comunidade. 
Euribel também diz que, especialmente infectologistas, intensivistas e pneumologistas foram chamados de “profetas do apocalipse” na questão da Covid-19, e o tempo mostrou que estavam certos na maior parte das previsões. Contudo, acrescenta que, “não é sensato” o que está sendo feito especialmente em São Paulo com o plano de flexibilização. “Vivemos uma insanidade coletiva. Por um lado, um grupo de pessoas que se trancafiam em casa e têm medo de abrir o portão para não se infectar. Por outro lado, a grande maioria ignora a existência da pandemia”.
O médico infectologista e doutor em imunologia também ressalva a nota publicada pela Sociedade Paulista de Infectologia, a qual reitera a necessidade de manter o distanciamento social, evitar aglomerações, manter as áreas arejadas e utilizar rigorosamente máscaras em todos os ambientes coletivos, além de higienizar as mãos após qualquer contato com outras pessoas ou com superfícies. “Se relaxarmos esses comportamentos protetores, corremos o risco de nova onda da Covid-19, com aumento significativo de casos e internações, sobrecarregando mais uma vez nossos serviços de saúde”. 

Posicionamento do Estado 4g466e

A reportagem procurou pela Secretaria Estadual de Saúde para tratar sobre o tema levantado, mas foi informada de que o assunto foi tratado oficialmente através de pronunciamento do governo do Estado. Nesta quarta-feira, portanto, o governador João Doria (PSDB) apresentou um estudo feito por pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da província de Cantão (Guangdong), na China, que demonstra que a Coronavac evita em 100% o desenvolvimento de casos graves de Covid-19 causados pela variante delta do SARS-CoV-2 e tem eficácia de 69,5% contra pneumonias decorrentes da doença.
Os pesquisadores concluíram que a imunização total com duas doses foi 69,5% eficaz para prevenir pneumonia, um dos desdobramentos mais graves da Covid-19. Além disso, não foram registrados casos críticos entre os vacinados, indicando que os imunizantes analisados têm 100% de eficácia contra o desenvolvimento de casos graves de Covid-19 causados pela variante delta – entre os não vacinados, houve 19 casos graves ou críticos.
O pronunciamento do Estado, portanto, não menciona estudos de outros imunizantes em uso no Brasil. 

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