Mais do que danos materiais, os acidentes de trânsito deixam marcas profundas na saúde, na qualidade de vida e nas famílias das vítimas. Durante o “Maio Amarelo”, campanha que chama atenção para atitudes seguras no trânsito, a mensagem é clara: cada gesto conta — da prevenção ao primeiro atendimento.
“O primeiro atendimento é de suma importância, pois é onde identificamos a gravidade e a intensidade do trauma sofrido pelas vítimas, podendo direcionar para centros mais complexos, em casos graves, e centros mais básicos, em casos mais leves”, conta o ortopedista cooperado da Unimed de Presidente Prudente, Caio Ceravolo Lemos, que também compõe a equipe de pronto-socorro.
Ao se envolver em um acidente de trânsito com vítimas — ou mesmo apenas presenciá-lo —, é essencial realizar ações de socorro. Conforme o artigo 304 do CTB (Código de Trânsito Brasileiro), a omissão é considerada crime, com pena de detenção de seis meses a um ano, ou multa, se o fato não constituir elemento de crime mais grave. Cada pessoa pode contribuir de acordo com o conhecimento que possui.
“Os populares que não têm treinamento nenhum de atendimento pré-hospitalar podem ajudar isolando e identificando a área para evitar novos acidentes e não agravar o estado das vítimas envolvidas, e evitar manipular qualquer uma das vítimas”, orienta o médico, destacando que a primeira coisa a se fazer é acionar o socorro via Corpo de Bombeiros ou Polícia Militar.
Caio ainda explica que “o despreparo pode mudar todo o cenário do trauma e trazer graves complicações que poderiam ser evitadas por simplesmente não movimentar as vítimas”. Ele ressalta, ainda, que a comunicação e sinalização podem ajudar a salvar vidas.
Durante o acionamento, é importante manter a calma e contribuir com a comunicação entre a equipe de socorro, descrevendo corretamente o que ocorreu. “Não se deve tentar qualquer medida heroica! Também é essencial evitar fazer qualquer atendimento sem que seja do conhecimento, evitar fotografar ou filmar, podendo expor vítimas e familiares”, alerta.
Mas quando é preciso acionar socorro? O ortopedista comenta que “a intensidade do trauma é proporcional aos danos causados em veículos, energia de impacto e tipos de veículos envolvidos”. “Quanto maior a energia, maior a necessidade de socorro imediato”, indica.
No caso de vítimas presas nas ferragens, é ainda mais importante não as movimentar sem conhecimento e equipamentos específicos. “As vítimas são desencarceradas pela equipe dos bombeiros com ferramentas específicas que causam o menor dano possível e menor risco de agravar o quadro”, explica.
“Sangramentos intensos podem ser comprimidos com compressas improvisadas com tecidos até o primeiro atendimento. Em alguns casos, o torniquete tem um papel importante, mas não é facilmente manipulado por pessoas sem treinamento.
Suspeitas de lesões de coluna devem se manter imóveis até a chegada do socorro para ser mobilizada em bloco com prancha rígida, colar cervical e blocos, orienta o ortopedista cooperado da Unimed.
Caio diz que todo acidente vem de uma falha, seja humana ou material. “Façamos nossa manutenção adequada de veículos e sejamos prudentes no trânsito. E quem tiver oportunidade procure saber sobre os treinamentos de atendimentos pré-hospitalares”, conclui.